YIN YOGA – O MERIDIANO DOS PULMÕES

A prática de Yoga é todo um universo a explorar e vivenciar.

Escrever sobre esta ciência iria ocupar largas páginas.

São várias as formas de praticar, é como uma capacidade de comunicar em diversos idiomas, que vamos adquirindo ao longo do tempo.  Uma prática nunca será igua à anterior ou à seguinte e, irá sempre ser recebida de forma diferente por cada um de nós.

Yin Yoga é um estilo de Yoga mais passivo, lento, focado nos tecidos profundo do nosso corpo, ossos, tendões, ligamentos e articulações. Actua pacientemente sobre a fascia e, pela sua permanência, fortalece a mente e o coração. Yin Yoga integra na sua prática os princípios da Medicina Tradicional Chinesa e, neste ponto, iniciamos uma viagem ao mais íntimo dos nossos sentidos, emoções e à conexão com os elementos da natureza.

Na medicina tradicional chinesa, as emoções e a saúde física estão intimamente conectadas. Numa prática de Yoga onde mergulhamos intimamente em nós, através da permanência nos asanas e na profundidade da respiração, ampliamos largamente a nossa sensibilidade para realmente SENTIRMOS o nosso corpo na sua totalidade.

Hoje, falaremos sobre os pulmões…a área do nosso corpo mais afectada num mundo que vive em plena situação de pandemia!

Pulmões, que têm como função possibilitar e potenciar a respiração, a magnífica capacidade de converter o ar em energia,  distribuindo-a por todo o corpo.  Juntamente com os rins, regulam e elemento água e, são importantes na capacidade de resistência a vírus e bactérias bem como na regulação do calor húmido da pele.

Quando em desequilíbrio, a respiração torna-se mais curta e superficial, ocorre fadiga, tosse, transpiração, alergias, asma, pele seca, depressão e choro…sim, segundo a medicina tradicional chinesa, os pulmões estão conectados com a dor, tristeza e desapego.

Todos nós somos chamados a honrar os ciclos da vida, morte e renascimento…tal como acontece em na Natureza que nos circunda.

O tempo em que vivemos pede que tenhamos a capacidade de nos libertarmos de tudo o que já não nos serve. LIBERTAR com desprendimento e sem rancores. Pede que observemos atentamente tudo aquilo que já não tem lugar no nosso corpo físico, energético, emocional e espiritual.

É neste desprendimento que surge desconforto e, até dor! Mas conectar com essa emoção permite que suavidade surja, pois abre espaço em nós para que possamos RECEBER.

Nesta dança entre o entregar e o receber, conectamo-nos com o que flui, conectamo-nos mais conncosco mesmos e, com todos aqueles que nos rodeiam. A conexão conduz-nos ao momento presente, onde estamos frente a frente com as nossas verdades mais profundas e, largamos naturalmente a necessidade de controlar como ser, como estar, como fazer, como sentir.

A prática de Yin Yoga permite-nos tirar tempo para estarmos inteiramente dedicados a nós, em silêncio, com a intenção de nos questionarmos o que precisamos no momento presente. Oferece-nos o colo que nos permite manifestar as nossas emoções mais profundas, de nos entregarmos nos braços do descanso e da recuperação. Aqui, respiramos quando procuramos mais suporte e conexão e, recebemos gentileza e compaixão no nosso centro cardíaco.

Mergulhar na envolvência mística e silenciosa do Yin Yoga abrimos espaço para sentir emoções que estão bem por debaixo das respostas ansiosas, de medo ou desconforto que o nosso corpo produz. Criamos espaço para um desenrolar natural e orgânico, uma transformação interna, que se manifestará externamente.

Todos nós temos a capacidade de criar impacto. O bem estar individual e o cuidado que dedicamos a nós mesmos é sentido naqueles que partilham momentos nos nossos dias.

Quando geramos a capacidade de respirar profundamemte, sem retenções, métricas ou coreografias…simplesmemte assumir a integridade e totalidade da nossa respiração real e completa, activamos não só o meridiano dos pulmões e um funcionamento eficiente deste órgão tão incrível e complexo mas, relembramo-nos que NÓS SOMOS DO TAMANHO DA NOSSA RESPIRAÇÃO.

Dedica algum tempo do teu dia a respirar:

Encontra uma posição confortável, deitado ou sentado…como te fizer sentir bem

Inspira profundamente pelo nariz e, expira de forma lenta e prolongada. Deixa que o teu corpo abrande, não forces ou exijas. Dá tempo para que o corpo abra naturalmente e se permita receber toda esta fonte de energia vital.

Coloca uma mão no peito e outra sobre o abdómen e, de forma suave e simples sente o ondular da tua respiração a percorrer o teu corpo; sente a respiração bem debaixo das tuas mãos

E com calma, ao abrandares as flutuações da mente, procura expandir o teu ritmo e sente a respiração no abdómen, tórax e peito.

Foto por Isla Grossi

Permanece neste embalo.

Simples.

Sem pressas.

Em equanimidade.

Boas Práticas!