A TEORIA DOS CHAKRAS
Viśuddha Chakra – a garganta e a expressão
Viśuddha significa o grande purificador. Esse centro fica no plexo laríngeo, na região da garganta, sendo conhecido como Chakra da Garganta.
Está relacionado com as glândulas tiróide e paratiróide, que regulam o metabolismo e com o vento vital udāna, que distribui energia na área da garganta e nos membros.
Viśuddha Chakra é um centro de purificação física e espiritual. Uma história retirada dos Purānas ilustra claramente o imenso poder purificador deste centro energético:
Os Devas (deuses) e Āsuras (demónios) queriam retirar para a superfície o tesouro Amrita (o néctar da importalidade) que estava escondido no fundo dos oceanos. Utilizaram o Monte Mandara como fonte de agitação e a serpente Vāsuki, como corda. Os deuses seguraram na cauda da cobra e os demónios a cabeça, agitando os oceanos com a junção das suas forças. Numerosos tesouros e objectos preciosos emergiram e, finalmente, Amrita surgiu à superfície numa embarcação dourada.
Mas a serpente libertou um veneno mortal capaz de destruir todo o planeta. Rapidamente os Devas conseguiram capturar o veneno mas ao não saberem como se libertarem dele, recorreram a Shiva para auxílio.
Shiva acedeu ao pedido de ajuda e bebeu todo o veneno, mas armazenou-o no Vishuddhi Chakra e purificou-o com Ujjāyī Prānāyāma e Jālandhara Bandha . Desta forma ele libertou o mundo de um perigo mortal. O veneno na sua garganta tomou a cor azul e, deste esse momento, ele ficou com o nome Nīlakantha (aquele com a garganta azul).
Existe um grande simbolismo nesta história. Os nossos pensamentos negativos são os demónios; os Devas são as nossas qualidades positivas – compreensão, compaixão, amor, devoção, sabedoria, complacência. Ambos existem em nós, tal como o néctar da sabedoria divina e imortalidade e o veneno da ignorância e mortalidade existem simultaneamente.
O oceano do mundo actua em duas direcções, em direcção aos Devas (bondade e luz) e outro em direcção aos poderes destrutivos Āsuras. A serpente (Kundalinī) representa tanto, o tempo de vida e o poder (Shakti) que encerra em si os tesouros escondidos em nós.
Viśuddha Chakra é prateado e possui dezesseis pétalas de cor púrpura ou cinza. Estas pétalas representam os dezasseis Siddhis – capacidades sobrenaturais que poderemos adquirir com a prática de Yoga O número dezasseis também se refere ao número de dias necessários para acontecer a transição de Quarto Crescente para Lua Cheia – o símbolo deste centro energético.
No seu pericarpo, um círculo branco, resplandecente como a Lua Cheia, representa o elemento espaço (ākāśa), inscrito num triângulo invertido da mesma cor.
A Lua remete para as emoções, para a mudança, é o princípio da energia feminina. No Bhagavad Gita (15|13), a Lua é descrita como “aquela que fornece o néctar”.
Em Viśuddha Chakra vibra o bīja mantra Ham – Eu Sou. SO HAM significa “aquele que sou eu” .
No Anāhata Chakra saboreamos a satisfação de desfrutar emoções lindas, enquanto que em Viśuddha Chakra tornamo-nos consciente que quem realmente somos. É aqui que inicia a verdadeira jornada para a auto-realização e que inicia o processo de auto-conhecimento.
“O yogin, com a mente fixa constantemente neste lótus, com a respiração controlada mediante o kūṁbhaka (retenção do ar durante o prāṇāyāma), em sua ira, é capaz de mover a totalidade dos três mundos”.
EQUILÍBRIOS E DESEQUILÍBRIOS DESTE CHAKRA
Desequilíbrios
- medo de comunicar / excesso de comunicação
- fraca expressão de emoções
- vergonha
- voz enfraquecida
- incapacidade de escuta
- discursos interrompidos
- problemas de voz
- rigidez
Equilíbrios
- dom da palavra
- eloquência
- conhecimento
- boa capacidade auditiva
- bom sentido de tempo e ritmo
- voz ressoante
- expressão
- criatividade
AFIRMAÇÕES PARA EQUILIBRAR Viśuddha Chakra
“eu falo a minha verdade”
“eu nutro o meu espírito com integridade”
“sei ouvir”
“comunico os meus sentimentos com facilidade”
“sou gentil com as minhas palavras”
“expresso a minha criatividade”
Viśuddha Chakra é o portal através do qual conduzimos a nossa consciência a um nível superior. Neste centro energético reside a fronteira entre os níveis físico e astral, entre a consciência e a super consciência. Quando a ultrapassamos, ascendemos a um ponto de profunda sabedoria e clareza.
“Com toda a certeza o homem precisa de um espaço onde possa criar raízes, tal como uma semente, tornar-se parte de um lugar. Mas também precisa de uma enorme Via Láctea sobre sí e um espaço de imensa vastidão, tanto que nem as estrelas ou os oceanos conseguem satisfazer as suas necessidades”
– Antoine de Saint-Exupéry –