CORPOS POÉTICOS: A ARTE COMO PURO  SADHANA NO TEATRO, FILOSOFIA E DANÇA.

“O que é uma vida criativa? É qualquer vida que é conduzida pela curiosidade e não pelo medo.”

– Elizabeth Gilbert, Big Magic –

No processo de gestação, as nossas mãos formam-se por extensão do espaço do CorAção.

Quando as nossas mãos tocam os outros, a terra, ou acariciamos o ar, é a partir desse centro de profunda conexão, compaixão e empatia.

CORPOS POÉTICOS nasce da vontade de criar um poema colectivo, de mostrar formas de arte como formas de vida, de visão e de inspIrA(c)ção. Nasce da vontade de tecer um fio condutor que, para além de mostrar artes, mostra as pessoas.

Porque a arte é complementar e suplementar à vida.

É maravilhoso poder ter próximo de mim pessoas cuja visão, sentir e percepção são verdadeiras oportunidades de expansão e crescimento, que nos levam mais próximo das estrelas e do céu.

Porque têm uma mente sensível e conseguem ter a capacidade de olhar o mundo pela primeira vez, porque conseguem vero milagre da vida a acontecer a cada instante.

E, como disse Patti Smith,

“o artista busca entrar em contacto com a sua noção intuitiva dos Deuses mas, para criar o seu trabalho não pode permanecer nesse domínio sedutor e incorpóreo. Ele deve voltar ao mundo material para fazer a sua obra. A responsabilidade do artista é equilibrar a comunhão mística com o trabalho criativo”

Porque fazem da arte a sua vida e a sua vida uma arte, espero poder manifestar o meu mais profundo agradecimento pelo seu contributo para a cultura, para o mundo e para todos aqueles que se permitem transportar para mais além, ao juntar a minha arte à deles.

Há muito de Yoga na Arte e muito de Arte no Yoga.

Como o encontramos…

na dança?

No cinema?

No teatro?

Na música?

Na filosofia?

Na literatura?

Na pintura?

Na escultura?

No canto?

Tenho o MAIOR PRAZER DO MUNDO em apresentar-vos pessoas lindas, especiais ,com trabalhos incríveis e que nos relembram que

estar na vida não é uma questão de vida ou de morte, mas de CRIATIVIDADE!

Bem vindos aos CORPOS POÉTICOS!

Nestas primeiras visões sobre a Arte como Puro Sadhana, surge Teatro e Filosofia.

Estas lindas “pessoas – poema” surgiram com uma fotografia e uma palavra…postas em movimento através do Yoga.

A visão sobre…

YOGA E TEATRO

Yoga e Teatro no Corpo Poético de Sara Afonso Vicente

Yoga é conhecido como uma filosofia, ou como um caminho…mas talvez poucos saibam que também é uma arte.

Artista algum pode ser definido por palavras, a arte de cada um expressa-se por si mesma…em toda a sua integridade.

Ao artista pede-se maestria, um amor intenso, imaginação e criatividade para desenvolver o seu propósito, mesmo por caminhos incertos.

Cada dia apresenta um novo conhecimento, mas o desconhecido permanece vasto, porque assim o é o próprio Universo.

E, é aqui que o artista trabalha e refina a sua arte.

Macrocosmos e microcosmos, a união da mente, da alma e do físico num só, uma ligação sublime de tudo o que É!

“O Teatro é a mais nobre das artes, a forma mais imediata com que cada Ser Humano pode partilhar com outro o sentido de realmente ser-se humano.”

– Oscar Wilde –

A essência do teatro é oferecer!

Oferecer o corpo, a voz, as sensações, a vontade, a imaginação. É oferecer a arte que pulsa, à vida.

Tal como no Yoga, o Teatro permite-nos reconhecer o belo em nós mesmos.

Tal como no Yoga, o Teatro não serve para fazer uma voz mansa, serve para o questionamento, para a mudança e juntos são uma resistência para a visão desencantada da vida.

Teatro e Yoga caminham da braços dados, cumprindo a função das transformações pessoais e sociais e a revelação do que é mais sagrado e íntimo.

Tal como no Yoga, o Teatro é uma viagem na investigação da natureza humana.

o Yogi e o Actor nutrem um profundo respeito pelo corpo, amplificando a forma, o som, a graciosidade e a força. É aqui que se dá a revelação de que a expressão artística depende das experiências internas e acções, com as quais o Yogi também trabalha.

Ao manifestar a sua arte, o actor também pratica yoga. Em contacto com as dimensões mais profundas de si, tudo e todos que representar se tornará verdadeiro, auspicioso e belo.

Para mover, para educar, para inspirar, o Yoga não pede perfeição. Simplesmente pede que estejamos presentes.

No teatro pede-se satya, a verdade que ultrapassa as barreiras da crítica e do julgamento, pois se o actor julgar a personagem, não a representará.

No teatro há gotas de infinito na condensação de cada momento.

“Enquanto actores, tornamo-nos exímios nos recomeços. Cada personagem trás em si a ignorância e a insegurança e, qualquer aproximação deve ser feita com curiosidade e humildade.

– Lupita Nyong’O –

A visão sobre…

YOGA E FILOSOFIA

Ao colocar este tema, pedia algo que pudesse explorar…foi-me oferecida uma palavra: INEFÁVEL!

Imensa e intensa em tudo o que a compõe que se revela de origem transcendental, com atributos de beleza e perfeição tão superiores aos níveis terrenos que não são expressos ao nível da palavra.

Aqui pede-se que se faça do sonho o mais belo que ele pode ser. Aqui pede-se que o potencial de beleza de um corpo, de um gesti, de uma palavra, de sentir, esteja na capacidade de criar novas formas de ser e de expandir a própria experiência de vida.

Yoga é Filosofia. Filosofia é uma Prática de Yoga.

Yoga é uma profunda metáfora dos nossos dias. Reflecte com uma perfeição exímia todas as vivências, todas as sensações, todos os sonhos, todos os choros e todos os sorrisos.

Tal como a própria vida, cada prática é única na sua essência. Mostra-nos que a realidade está além de qualquer conceito.

Mergulhar na prática é permitirmo-nos que possa surgir o SILÊNCIO numa manifestação mágica, onde entendemos que nada tem nome.

Tudo é trespassado pelo silêncio onde o canto das aves, o contemplar da lua, do sol e do mar são um instante de Samadhi.

O puro êxtase liberto dos condicionamentos do verbo.

“A arte é a mensagem de um tempo para a eternidade. A arte é uma mensagem da eternidade para um tempo.”

– Tales Nunes –

Que possamos viver na totalidade liberta do inefável

Yoga e Filosofia na Palavra Poema escolhida por Andrea Trindade Belo: INEFÁVEL

Inefável e a beleza inexplicável dos momentos.

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A visão sobre…

YOGA E DANÇA

Talvez este seja um dos textos mais emotivos. Mais do que duas palavras, conceitos, expressões, reflete essencialmente a minha vida, a minha viagem e, acima de tudo o resto as viagens com pessoas que, sem elas, nada disto faria sentido.

Denise de Carvalho
Bailarina e Yogini

Ruth St Denis dizia que “na realidade, somos todos acompanhados por um Universo dançante” e, acredito que vivemos numa verdadeira medicina do movimento, onde vários ritmos e melodias se orquestram na perfeição.


Os antigos sábios distinguiam o conhecimento do mundo do conhecimento da alma.
Sabendo que o Homem existe como ser físico, mental e espiritual, desenvolveram diversas artes para que a trindade do Homem fosse trabalhada de modo ritmíco, sistemático e uniforme.


O Homem é naturalmente dinâmico. Mesmo ao optar por quietude, o coração bate, a respiração flui e todos os sistemas actuam. Porém, quando opta pelo movimento, as acções são inconscientes e, muitas vezes, disconectadas de intenção. E, é aqui que experienciamos como a prática de Yoga influencia a criação de movimento consciente através da arte da dança.


“Yoga, sendo a raíz de toda a arte é complementar e suplementar para a dança.”

– Iyengar –


A prática de Yoga e Dança reflete uma forte ideologia filosófica, da qual emergem múltiplas perspectivas da conexão entre o corpo e a mente, uma aproximação experimental não dualista.
É o explorar da condição humana e o mundo que habitamos de modo terreno e temporal, tanto subtil como tangível, a conexão entre o corpo não visto e a densidade da nossa massa, o conhecido e o desconhecido…o limite entre o mundo manifesto e o espaço criativo.


A perspectiva holística da ligação corpo-mente pode ser explorada através de diversas lentes, perspectiva que se releva e ilumina no fluir de cada prática, de cada momento de dança; os corpos mostram-se de diversas formas: gestual, acentuada, espiritual, energética, reflexa, ambiental, ecológica.
São estas perspectivas que expressam o momento imediato do corpo em movimento, a sua experiência sensorial e o inefável processo criativo.


De uma forma bela, Iyengar expôs o que realmente se experiencia quando estas artes são sentidas em simultâneo…

“Yoga é a expressão subjectiva de um sentimento experimentado; dança, é a expressão artística das emoções, gestos e comportamentos de um yogui experiente. Yoga é acção, externamente estático mas dinâmico para dentro enquanto a dança é movimento e dinâmica para fora, é o incorporar da música na sua forma visual”.

Denise de Carvalho
Bailarina e Yogini


Yoga e a dança são concebidas como práticas espirituais que facultam o acesso aos corpos energético, espiritual e ritual bem como a faculdades físicas, são instrumentos de devoção, uma forma de recuperação do corpo, uma aproximação espiritual, um poder enraizado e móvel que proporciona um processo de contínua transformação, mostrando uma visão dinâmica da vida, dos indivíduos e do Universo.


Yoga tem três tipos de movimentos: tivra (intenso), madhyama (médio) e mrdu (suave). Assim, também na dança há tandava (vigoroso) e lasya (suave e lento) com abhinaya (gesto, acção ou expressão emocional), bhava (disposição e sentimento) e rasa (sensação ou sentimento que prevalece num gesto ou personagem).


É aqui que se revelam várias formas de sentir e observar ao incorporar perspectivas de corpo e mente, fazendo surgir a nossa natureza mais pura e crua.


…tanto mais haverá por dançar, praticar, sentir e escrever sobre a arte ancestral do movimento.


Yoga e Dança no Corpo Poético de Denise de Carvalho